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a.h

Wednesday, October 01, 2008

Fogo, propriedade e sustentabilidade


Já faz anos que os bombeiros californianos detêm os fogos com o backfire, estratégia de provocar pequenos incêndios que eliminam a matéria combustível por onde o grande incêndio irá passar, eliminando assim sua continuação.

Bush propôs podar árvores para evitar a disseminação dos fogos. A proposta, discutível, mas séria foi ridicularizada por ignorantes aqui no Brasil. O problema lá é que tem gente habitando em meio às matas. O risco não é tanto ecológico, mas social.

Uma dica de livro é Mike Davis, Ecologia do Medo. ‘Esquerdão’, o que não nos impede de tirar boas informações sobre o assunto.

Fogos na Califórnia e Baixa Califórnia:


Na figura acima, os fogos ocorridos na Califórnia (EUA) e na Baixa Califórnia (México) dão idéia de seu caráter natural, quando se leva em conta que se trata de realidades econômico-sociais distintas. Portanto, nada de causa humana comum.

A turma ambientalista no Brasil torce suas análises para culpar o agronegócio pelo desmatamento. Mas, um estudo do IPEA sobre o avanço da monocultura de soja na Amazônia desmente esta tese:

“Gervásio Castro de Rezende, um dos autores do documento do Ipea, explica que o texto preparado tem o objetivo de demonstrar que, ao contrário dos ataques dos ambientalistas, o rápido crescimento da soja no País não está se dando à custa do desmatamento do cerrado e da floresta amazônica. ‘Nosso trabalho desafia essa facilidade com que se falam as coisas no Brasil. É fácil demonizar a soja, mas três anos não seriam suficientes para todo esse protesto de desmatamento. Isso é ignorância’, sustenta o pesquisador. O estudo não exclui a possibilidade do uso de áreas virgens, mas em ‘escala modesta’, que não justifica o forte crescimento da cultura nos últimos anos.”



E o estudo vai além, acertando em cheio a causa do mau uso e gerenciamento dos recursos naturais tendo na propriedade privada, ou melhor, sua insegurança jurídica, a verdadeira causa e responsabilidade:

“Note-se que esse resultado dependerá de que o governo intensifique a política de ‘regularização fundiária’, de maneira a se poder definir com precisão os direitos de propriedade da terra. Como se sabe, na ausência de titulação bem definida dos direitos de propriedade, o preço da terra simplesmente não refletirá essa superioridade da produção de soja e, portanto, esse mecanismo seletivo, via mercado, simplesmente não operaria. De qualquer maneira, pode-se esperar que, com a perspectiva de uso da terra na produção de soja, haverá maior incentivo para essa regularização fundiária e melhor definição dos direitos de propriedade da terra, já que a produção de soja é inviável sem definição clara dos direitos de propriedade da terra. Em contraposição ao caso da soja, atividades como agricultura itinerante em pequena escala e na base de fogo, extração predatória de madeira e pastagens de baixa produtividade não fomentam essa busca da titulação das terras, e nem são inviabilizadas por custo de transporte alto. Assim, é uma grande ilusão achar que, ao não se asfaltar a BR-163, está-se preservando a floresta amazônica. [...] Ao se procurar impedir o asfaltamento da BR-163, devido ao receio da expansão da soja, tudo o que se está conseguindo é, de fato, continuar viabilizando o atual uso predatório da terra, deixando de valer-se, essa política ambiental, de um importante aliado.”

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