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O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Friday, September 07, 2007

Fogo


Incêndio em floresta no Pará ameaça reserva indígena
Fumaça e ventos fortes dificultam trabalho de helicóptero.


É a notícia do site http://www.ambientebrasil.com.br/ que não explica a causa, o que seria a primeira coisa a se investigar ou perguntar.
Talvez porque não seja uma "obra" do grande capital, das transnacionais que, caso tivessem alguma conexão, mesmo que longínqua, já seriam as primeiras a serem acusadas e, sumariamente julgadas. Como disse Luís Roberto Do Carmo Lourenço do Gabinete de Segurança Institucional da República Federativa do Brasil acerca dos fogos em Roraima em 2003:


As queimadas, segundo um relatório da ONU/Governo do Estado, atingiram 33 mil
quilômetros quadrados em Roraima. O relatório condenou a maneira como o INCRA
desenvolve o processo de colonização no Estado, que tem uma área de 225 mil quilômetros
quadrados habitados por um total de 247 mil pessoas. O relatório confirma que os incêndios
começaram nos assentamentos de pequenos agricultores, com queimadas feitas para
preparar a terra para novos cultivos
.


O mesmo ocorrido em 1997, também em Roraima. Fogos dos quais, alguns veículos de imprensa internacional se apressaram a relacionar à mudanças climáticas globais. Na verdade, uma conjunção de fatores entre a tradicional e arcaica prática de atear fogo à mata para preparar terreno ao plantio e um ano excepcionalmente seco devido ao fenômeno do El Niño.

Abaixo, segue um antigo artigo meu:


Bushfire
por Anselmo Heidrich em 24 de janeiro de 2004
Resumo: Já faz algum tempo a notícia soava como escândalo, Bush quer cortar árvores para impedir incêndios e uma chuva de spams, mais tentando incendiar do que apagar a proposta do presidente americano se disseminou pela web.
© 2004 MidiaSemMascara.org

Já faz algum tempo a notícia soava como escândalo, Bush quer cortar árvores para impedir incêndios e uma chuva de spams, mais tentando incendiar do que apagar a proposta do presidente americano se disseminou pela web. Ironias dos internautas como mais uma “solução genial de Bush”, associadas às contumazes “falhas” e “lapsos” de jornalistas eram algumas gotas no oceano de calúnias que se tornou comum em torno do nome de Bush.
Enquanto nossos jornalistas tupiniquins entendem que “podar” pode significar o mesmo que “cortar” árvores, para a engenharia florestal não é bem assim. Há uma sensível diferença entre cortar totalmente a árvore impedindo que ela cresça e poda-la nos galhos impedindo que um incêndio se alastre pela mata. Mas como se diz por aí, uma calúnia é como a cinza jogada ao vento que ninguém consegue agarrar:
“O presidente americano, George W. Bush, defendeu nesta segunda-feira seu plano de cortar árvores de florestas nativas (...)” e “nós devemos podar nossas florestas” (AFP/notícias UOL, 11/08/2003).
Mas como o ambientalismo é cheio de contradições, não me surpreendeu quando lia Ecologia do Medo de Mike Davis, um professor de teoria urbana californiano e, claramente ligado aos movimentos da esquerda americana. O livro é basicamente uma crítica à especulação imobiliária da Califórnia Meridional, mas não deixa de ser coerente quanto à pesquisa factual. Independente das conclusões que Davis possa tirar, isto não me impede de utilizar seus próprios dados que, justamente, pela sua afiliação ideológica, me deixam a vontade para usa-los, ou seja, usar o veneno da esquerda contra ela própria.
Por que é importante ter um plano de manejo ambiental como proposto por Bush? Acho que os dados abaixo, levantados por Davis, falam por si:

TEMPESTADES DE FOGO EM MALIBU, 1930-96
Ano e mês Localidade Hectares Residências Mortes

1930, outubro Potrero 6.000
1935, outubro Latigo/Sherwood 11.554
1938, novembro Topanga 6.700 351
1943, novembro Woodland Hills 6.200
1949, outubro Susana 7.710
1955, novembro Ventu 5.106
1956, dezembro Sherwood/Newton 15.165 120 1
1958, dezembro Liberty 7.215 107
1970, setembro Wright 12.500 403 10
1978, outubro Kanan/Dume 10.100 230 2
1982, outubro Dayton Canyon 22.000 74
1993, novembro Calabasas/Malibu 7.500 350 3
1996, outubro Monte Nido 6.000 2

Total 1636 16
Mais pequenos incêndios aprox. 2.000

Fonte: Registros do Los Angdes Fire Department.
Tais dados poderiam ser negados por quem quer que seja como trágicos? Isto significa encampar a tese da destruição completa das florestas para manutenção das habitações? Não, pois não é disto que se trata, mas da simples poda das árvores embasada em técnicas de engenharia florestal para evitar desgraças humanas e compatibilizar um equilíbrio entre sociedade e ambiente.
Pode se observar nas fotos de satélite da NASA os últimos incêndios californianos em novembro passado


http://visibleearth.nasa.gov/data/ev261/ev26153_California.A2003331.1840.721.500m.jpg


Mas se os socialistas travestidos de ambientalistas são tão bons para criticar as propostas republicanas de manejo ambiental, o que proporiam a isto?


http://visibleearth.nasa.gov/data/ev259/ev25950_Peru2.A2003244.1815.1km.jpg

Os focos em vermelho correspondem aos incêndios na fronteira amazônica entre Brasil e Peru de setembro passado que são bem, mas bem mais intensos que os fogos norte-americanos.

A origem desses fogos é a mesma que provocou o mega-incêndio de 1998. À época, nossa “sensata imprensa” noticiou que uma área equivalente à Bélgica, baseando-se em imagens de satélite que retratavam a fumaça. Se, é verdade o dito popular que “onde há fumaça há fogo”, não é verdade no entanto, que a extensão do fogo é a da própria fumaça. A área queimada na Amazônia brasileira foi enorme sim, mas não do “tamanho da Bélgica” e sim equivalente à área urbana da cidade de São Paulo. Também não foi verdade que este mega-incêndio ocorreu em área florestal, mas em savanas1, o cerrado de Roraima (llanos, como são conhecidos na vizinha Venezuela), tendo se expandido para as matas posteriormente.

Os ambientes mediterrâneo do sudoeste americano e superúmido da alta floresta amazônica são muito distintos, necessitando de manejos distintos – a poda não seria possível em nosso caso. Mas o que se vê é uma falta generalizada de informação, pressa na apresentação dos fatos e dados e um “molho crítico” de um esquerdismo que beira a infantilidade. Se Bush propõe uma solução passível de crítica por técnicos e especialistas do setor, não se quer saber, pois ele pode levar algum crédito com isto. Se no Brasil, malgrado ano de El Nino, fenômeno climático que provoca anomalias climáticas globais, muito difundido e pouco entendido, coincide com a estação das queimadas, a culpa é totalmente do governo que não faz nada. Ou seja, a população local com suas técnicas arcaicas, num passe de mágica, é totalmente isenta de sua responsabilidade. E se as ongs ambientalistas, líderes europeus, a própria ONU sugerem que a própria Amazônia brasileira (e dos países vizinhos) deva ser administrada por uma comissão internacional, nada parece indignar nossa incauta imprensa ávida pelo antiamericanismo que ajuda a engrossar.

O que nossos militantes cegos pelo ódio aos EEUU lembram? De uma mentira amplamente divulgada na internet, um conhecido hoax que volta e meia retorna, de um suposto livro de geografia escrito para o ensino médio nos EEUU que defende a Amazônia como área de controle internacional sob um projeto da ONU2.

As queimadas (“coivara”) consistem numa ancestral e tradicional técnica indígena herdada pelos colonos pobres de preparar a terra para o plantio, inclusive de pastagens que devastam a biomassa. Não se trata de “grande capital” ou de “descaso da civilização capitalista”, mas de falta de adequação às técnicas de produção modernas e hipocrisia ambientalista que sustenta a exploração ambiental em moldes ultrapassados.

Talvez Bush tivesse alguma boa idéia para nós já que os próprios ambientalistas se perdem em informações falsas e análises tendenciosamente espúrias.

1 http://hps.infolink.com.br/psenna/roraima.htm

2 http://www.quatrocantos.com/lendas/54_amazonia_finraf.htm

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