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Bush e Lula trocam elogios sobre política comercial
PATRÍCIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em Brasília
A abertura comercial foi o principal tema do encontro do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, com Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo. Ao final da reunião na Granja do Torto (Brasília), que durou cerca de uma hora e meia, os dois presidentes trocaram elogios e defenderam avanços nas negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio).
Na chegada ao local, o líder norte-americano enfrentou protestos, e os carros de sua comitiva entraram pela porta dos fundos. Nos discursos feitos no jardim da residência, os dois não fizeram menção ao teor das manifestações --principalmente críticas à política externa dos EUA (guerra no Iraque e intervenções no Oriente Médio).
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Bush destacou que os Estados Unidos se comprometeram em reduzir seus subsídios agrícolas, como defende o Brasil, desde que a União Européia faça o mesmo. Ele explicou que, assim como o presidente Lula, ele precisa justificar aos agricultores do seu país a medida como uma oportunidade de acesso a mercados.
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Segundo ele, o comércio exterior justo e livre é elemento importante na eliminação da pobreza, no desenvolvimento de um país e na melhoria da qualidade de vida das pessoas. "Quanto mais o Brasil produzir e vender no exterior, mais fácil será encontrar trabalho", disse.
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Mesmo demonstrando claramente seu interesse na Alca (Área de Livre Comércio das Américas), Bush disse entender que as negociações na rodada de Doha, da OMC, precisam ser resolvidas antes de se voltar para as negociações do bloco como uma oportunidade de fortalecimento da região para enfrentar a concorrência de países como a China e a Índia. Segundo ele, "o povo tem que ser convencido" de que é possível melhorar a qualidade de vida por meio de um comércio mais livre. Lula apontou o fim dos subsídios agrícolas como "chave nas negociações" comerciais, já que estes seriam "entraves injustificáveis".
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Elogios
A afinidade entre Lula e Bush, definida como uma "relação franca" pelo presidente norte-americano, fez com que a reunião ampliada, com a participação de ministros e autoridades dos dois governos, fosse cancelada. Os dois presidentes, que deveriam ficar reunidos por 30 minutos para depois participarem de um encontro ampliado de 50 minutos, passaram mais de uma hora e meia reunidos. Junto deles estavam o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, e o assessor para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, pelo lado brasileiro, e a secretária de Estado, Condoleezza Rice, e o assessor para Assuntos de Segurança Nacional, Stepehn Hadley, acompanhando Bush.
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O presidente dos Estados Unidos se disse "impressionado" com as recentes reformas econômicas, com as políticas para estimular o crescimento das exportações no Brasil e elogiou o comprometimento do presidente com o "sentimento do povo", ao fazer referência ao programa Fome Zero.
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O presidente Lula disse que a visita de Bush é "uma oportunidade de diálogo estratégico e privilegiado" para a discussão de assuntos bilaterais. "A política externa não é só um meio de projeção do Brasil no mundo, mas um eixo fundamental no nosso projeto de desenvolvimento", afirmou Lula, antes de concentrar suas declarações na política econômica.
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Lula ressaltou que, em 34 meses de governo, o Brasil aprofundou as relações com países sul-americanos, africanos e emergentes, mas que isso não prejudicou as relações com os países desenvolvidos, como os Estados Unidos e a União Européia, ao contrário do que alguns previam quando foi eleito.
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"As relações econômicas e comerciais [com os EUA] aumentaram muito", disse o presidente, ao comentar que os EUA são o maior parceiro individual do Brasil, o maior mercado que recebe nossas exportações, cuja taxas crescem cerca de 7% ao ano, e também o responsável pelos maiores investimentos externos no país.
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"Estamos empenhados em liberar entraves comerciais que existem de forma injustificada [em referência aos subsídios agrícolas]", disse Lula, para completar que a política externa brasileira transcende governos. "As diferenças de ponto de vista foram tratados com franqueza, sem sobressaltos e com consideração", afirmou.
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No encontro, os dois presidentes acertaram trabalhar em cooperação em novos campos estratégicos. "Vamos iniciar uma cooperação de alto nível em ciência e tecnologia, em áreas como biodiversidade e agricultura", informou Lula. Na saúde, as parcerias seriam nas produções de remédios contra malária, tuberculose, Aids e ameaças como a pandemia da gripe aviária.
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Deus escreve certo por linhas tortas? Me parece que sim. Com a baixa aceitação do governo Lula, o próprio vai buscar forças para sua sobrevida eleitoral no parceiro, antes bode expiatório, George Walker Bush e como este, com sua assessora Condie não dão ponto sem nó, me parece que a aliança estratégica será bem sucedida, para ambas as partes, com a efetivação (até que enfim!) da Alca.
Esta, bem vinda, dará rumo a combalida economia brasileira para seu ressurgimento. Reformas liberalizantes serão a única saída, conseqüentemente. E, danem-se Fiesp, Votorantim e todos retrógrados setores monopolistas tupiniquins...
a.h
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