MAB e MST provocam violência em hidrelétrica

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Rio, 2/nov/05 – Em um tipo de ação que está ficando rotineira, cerca de 300 ativistas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) enfrentou ontem a polícia na hidrelétrica de Campos Novos (SC) que está na fase final da sua construção. Os ativistas, que ocuparam durante 14 horas parte das instalações da obra, reivindicavam o assentamento de mais 243 famílias supostamente atingidas pela barragem e que ainda não foram indenizadas. O enfrentamento deixou 24 pessoas feridas e, segundo o major da Polícia Militar Yukio Yamaguchi, que coordenou as negociações de retirada, coquetéis molotov, barras de ferro e pedras foram lançadas contra os cinco policiais que estavam na usina no momento da invasão.
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A Energia Campos Novos S/A (Enercan), proprietária da usina, ofereceu um aumento nos valores da indenização para os supostos atingidos, mas sua proposta foi rejeitada: "Oferecemos R$ 3,6 mil para cada família, que não precisava fazer nenhum tipo de comprovação e como não houve acordo subimos este valor para R$ 12 mil. Também não obtivemos sucesso", explicou o diretor de obras da usina, Edeval Betiolli, que admite que podem ser adotadas novas técnicas de segurança no local. [1]
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A hidrelétrica de Campos Novos, que terá uma capacidade instalada para gerar 880 MW de eletricidade, possui uma das menores relações entre área inundada e capacidade instalada do Brasil (0,0029 hectares por MW instalado); sua barragem, do tipo enrocamento com face de concreto, tem 202 metros de altura e é a mais alta em construção no mundo.
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Em agosto de 2003, cerca de 500 ativistas do MAB bloquearam a estrada de acesso ao canteiro de obras da hidrelétrica e, em setembro passado, juntamente com “companheiros” do MST, ocuparam a subestação de Campos Novos, a segunda maior do país, em “ação de solidariedade” às famílias que estavam acampadas no canteiro de obras da UHE de Campos Novos. Em uma demonstração de perfeito conhecimento da importância estratégica da subestação, o comunicado emitido pelo MST a respeito adverte que qualquer problema que viesse a ocorrer na subestação poderia comprometer o abastecimento de energia elétrica em grande parte do país.[2] Em sintonia com o aparato ambientalista internacional, em outubro passado o MAB, juntamente com a Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais e Culturais (DHESC), encaminharam à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) um pedido de medida cautelar com denúncias de violação de direitos humanos dos atingidos. Ainda em outubro, o MAB e a ONG Terra de Direitos enviaram representantes a Washington para exigir “providências” do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) com relação aos “problemas” locais.
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Nesse contexto de articulação internacional, de 17 a 21 de outubro passado foi realizada na Guatemala a 3ª Reunião da Rede Latino-Americana Contra as Barragens, pelos Rios, suas Comunidades e pela Água (Redlar). Segundo o MAB, o encontro contou com a participação de 500 delegados vindos de 14 países da América Latina e organizações de apoio da Europa, América do Norte e Japão, dentre os quais o próprio MAB e o Movimento Mexicano de Atingidos por Represas e em Defesa dos Rios (Mapder), assim como pastorais sociais, sindicatos, grupos ambientalistas e de defesa dos direitos humanos. [3]
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Notas:

[1]"Novos tumultos na usina de Campos Novos", A Notícia, 2/11/05

[2]"Atingidos pela barragem de Campos Novos reforçam acampamentos", Últimas do MST, 29/09/05[3]"Continente unido contra as barragens", MAB, 27/10/05

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http://www.alerta.inf.br/11_2005/051102a.htm
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