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a.h

Wednesday, October 03, 2007

Ataque aos aiatolás


No artigo Russian Roulette on Iran, Michael Rubin sugere uma aliança da Rússia com o Irã, ao mesmo tempo em que considera sua “venalidade”. Ora! Ou é um ou é outro... “Aliança” para combater os EUA não é o objetivo, mas um meio necessário na atual estratégia russa. Se amanhã ou depois, o mercado guinar para outra região, Moscou abandona Teerã e Damasco com a mesma desfaçatez que hoje adota sua flexibilidade para tratar os inimigos de Washington. Russos querem a farinha para o seu pirão primeiro. Claro que nem se importam se os EUA foram atacados e fizeram acordos com Teerã menos de um mês após o 11 de Setembro. Mas, este é um argumento sentimental... O que tem a ver os aiatolás com a al Qaeda e os talebãs? Para estes, o verdadeiro islamismo é o da facção waabita de bin Laden. Querer colocar tudo no mesmo saco é o primeiro passo para não saber contra quem se luta. Se os EUA têm oposição ao Irã (e por certo que têm) deve ser diferenciado de quem perpetrou o atentado ao país. As estratégias podem até se combinar num segundo momento, mas não têm a mesma origem contra as mesmas causas. Em primeiro lugar, a verdade.

Falar em “realismo” soa infantil. Toda estratégia de estado desde antes de Maquiavel é isto mesmo. Raras exceções, como a influência neocon na política externa, não dão resultados. Vide a substituição de Rumsfeld por Gates... Idealismo neste caso não vem desacompanhado de “externalidades” para lá de negativas. Acredito na necessidade (e ação) de defesa americana. Disto, não tenho dúvidas, mas dizer ou insinuar ingenuidade de Bush e Rice é como se tivéssemos, arrogantemente, mais conhecimento do que eles do que se passa nos corredores do Pentágono. No Entre-Guerras, Nicholas Spykman já definira para séculos adiante o que seria a realpolitik americana ao influenciar o país e colocar uma pá de cal no “isolacionismo” que previa a defesa do Hemisfério Ocidental e a concretização da “fortaleza americana” com suas garras retraídas.

Parece óbvio que a Rússia sempre colocará seus interesses nacionais (de mercado bélico, inclusive) em primeiro lugar. O mesmo se dá com os próprios EUA no tocante à questão energética (e eles têm sua razão) que são sua força e fraqueza concomitantes. Como o texto deixa claro no segundo parágrafo, a escassez de petróleo é benfazeja para os russos. Enfraquece a economia americana e mais, coloca a Rússia como provedora alternativa devido a suas enormes reservas ainda com grande potencial de prospecção. Por isto mesmo, o avanço da OTAN no Leste Europeu tem que ser comemorado e incentivado. Tu me alimentas, mas tenho uma faca na tua garganta...

...

Não tenho idéia de como seria um conflito entre EUA e Irã. A começar pela população iraniana, muito maior que a iraquiana e, até onde sei, não tão dividida internamente na maior parte do território.

Mesmo que os EUA tenham capacidade para um ataque massivo, a questão é outra. Vale a pena? Valeu ter invadido o Iraque? Quanto a este último há analistas que rejeitavam a guerra, mas admitem que uma desocupação, eufemismo para fuga, só pioraria tudo. E, de mais a mais, capacidade tecnológica não é tudo, quanto custaria uma "brincadeira" dessas?
Por isto sou levado a crer que se ocorresse um conflito de maior envergadura, ele não seria uma ocupação terrestre tal como o Iraque, mas um ataque aéreo intenso com apoio de aliados em terra como o foi no Afeganistão. A questão, no entanto, é saber quem faria o papel de "Aliança do Norte", como ocorreu no Afeganistão contra o Talebã? O dividido Paquistão? Russos? Se a Rússia entrasse em tal conflito, qual seria o papel da China? Esta, com certeza vai chiar... Se a guerra interessaria à Europa, ou melhor, França e Alemanha, estas não têm culhões para arcar com os custos da mesma. Esta tarefa eles deixam aos americanos para depois, como é de seu caráter, criticá-los também.
Se Israel entra, acabaria por atiçar mais os ânimos regionais. No curto prazo, um prolongado ataque aéreo a partir do Golfo seria uma alternativa viável e, no médio prazo atiçar, de alguma forma (e não sei como se daria isto) os árabes contra os persas explorando, maquiavelicamente, as diferenças entre sunitas e xiitas. Ou seja, mesmo que se obtenha algum resultado positivo disto tudo virão "externalidades" bastante indesejáveis, bem como o fomento a uma seqüência decorrente de guerras menores. No geral, uma grande droga.
Se a guerra for inviável, eu fico com a opção mais pragmática: atacar instalações militares, com especial destaque para a força aérea iraniana que tem algum peso regional.
Chega desse negócio de se aliar com o fulano que é "menos pior" do que o inimigo conjuntural. Que mostrem as cartas, logo. Claro que isto é mais um desejo do que uma possibilidade.

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