A polêmica demográfica apresenta alguns dados interessantes. Durante décadas o debate ficou dividido entre dois grupos bem definidos: os neomalthusianos que partiam da premissa de Malthus – se é pobre por que se tem muitos filhos, mas se distinguiam deste por que não receitavam a abstinência sexual, apenas técnicas de contracepção; e os anti-malthusianos que partiam de outra premissa – se tem muitos filhos por que se é pobre – receitando como solução a “simples tarefa” de educar e prover emprego para a massa. Receita com objetivo certo, mas geralmente tomada por vias erradas, i.e., através de aumento nos gastos estatais.
Em convenções internacionais, os neo geralmente eram constituídos por delegações de países ricos e os anti pelas de países pobres. Nunca chegavam a um denominador comum e os debates não profícuos se estenderam pelos 70, 80 até o início dos 90. Mas, décadas de sucesso nas políticas anti-natalistas (sem controle compulsório de natalidade ao estilo chinês, mas com simples distribuição de contraceptivos, acompanhada de devida orientação médica) levaram aos anti a aceitar tais técnicas. Ocorre que os neo também passaram a considerar cada vez mais a necessidade de educar quem as utilizaria, i.e., as mulheres, uma vez que até os anos 90, 80% dos analfabetos no mundo era constituído por elas (devido a opressão e discriminação contumazes na África, Ásia e, em menor grau, na Am. Lat.).
Beleza! ...beleza??? Em 1994 foi realizada no Cairo, a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (C.I.P.D.) que agregava pressupostos de ambos grupos numa tentativa sinérgica para a ação. Parecia que o bom senso, finalmente, chegara. Mas, um grupo de delegações canalhas e irresponsáveis se opôs. Advinhem quem? Quem acha que procriar feito coelho é “louvar a obra divina”??? Dou-lhe uma, dou-lhe duas... e... e... o VATICANO, os MUÇULMANOS e a ARGENTINA[*] se opuseram a C.I.P.D.
Quando reclamarem que tem crianças nos semáforos ou esquálidas na Etiópia e Somália, e quiserem encontrar responsáveis, olhem em direção ao Crescente e o Crucifixo.
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[*]A delegação argentina foi orientada pelo governo de Carlos Menem para não se opor ao Vaticano por razões nitidamente eleitoreiras: para não alimentar os críticos conservadores católicos ao governo do presidente argentino de ascendência árabe.
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