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Thursday, June 14, 2007

Jon Elster: “O populismo não chegou para ficar”



Notas Quentes

A emergência de governos populistas na Bolívia e na Venezuela está longe de refletir uma tendência. Na verdade, uma guinada à esquerda na política da América Latina só seria sustentável por meio de ditaduras. É o que aponta o filósofo norueguês Jon Elster, considerado um dos grandes pensadores do chamado “marxismo analítico”. “As políticas populistas, em sua maioria, são equivocadas, ineficientes e não-produtivas. Eu não acredito que a eleição de governos populistas seja uma tendência. Quando as pessoas enxergarem que eles não cumprem suas promessas ou que suas políticas são muito caras, vão perder as ilusões”, julga Elster, que esteve em Porto Alegre, nesta semana, a convite do ciclo de seminários “Fronteiras do Pensamento”, promovido pela Copesul.

Elster esclarece que os regimes políticos baseados no populismo brotam de tempos em tempos. Quando o “status quo” da democracia não gera os resultados esperados, diz ele, é natural que surjam líderes anunciando soluções de grande apelo popular e com um viés imediatista – mais velozes do que aquelas proporcionadas pelas instituições democráticas. “O populismo é baseado na criação de uma relação próxima entre o governador e as massas. Existe a tentação de ignorar o parlamento, os partidos políticos. Daí até a ditadura é um pequeno passo”, explica o filósofo. Um exemplo é Hugo Chávez. Elster comenta que o presidente da Venezuela viola um dos princípios básicos da democracia – o da independência dos três poderes. Foi o que aconteceu no episódio da rede venezuelana RCTV, que teve sua licença cancelada por Chávez. “Se o canal RCTV é culpado de complô contra o presidente, ele deve deixar que o caso seja investigado pelo judiciário, e não reagir a uma acusação não corroborada pelos tribunais”, completa.
Velha história – Em entrevista exclusiva à equipe de AMANHÃ Online, Elster também avaliou o cenário político brasileiro com Lula na presidência. Segundo ele, era de se esperar o presidente adotasse uma linha conservadora na área econômica. “Esta é uma velha história”, diz Elster. “Quando os esquerdistas chegam ao poder, eles descobrem que há limites financeiros. Se Lula traiu suas raízes marxistas ou se apenas descobriu a realidade é um assunto a ser debatido”, comenta. De acordo com Elster, os políticos sempre podem fazer menos do que a população espera deles. “Quando um candidato chega ao poder com um pensamento fortemente marxista e resolve interferir com o capitalismo, ocorre a fuga de investimentos e ele acaba matando a galinha dos ovos de ouro”. Segundo o pensador, Lula não é o primeiro a protagonizar essa virada. François Mitterand também teve de rever sua estratégia quando se tornou o primeiro presidente socialista da França, em 1981.

Quanto à possibilidade de haver uma reforma política no Brasil, Elster apóia a idéia de que o financiamento de campanhas eleitorais seja público e tenha uma soma limitada. “Na Noruega, todos os partidos sustentam a campanha com as taxas pagas por seus próprios integrantes, além de receber subsídios públicos, seguindo um critério de votos obtidos e cadeiras ocupadas no parlamento. Este sistema funciona bem”, conta Elster. Confira, abaixo, alguns dos trechos interessantes da entrevista que o filósofo concedeu a AMANHÃ Online:
Cuba e o socialismo
“Parece-me que se o socialismo cubano conseguiu sobreviver diante de dificuldades econômicas. Ele deve ter criado raízes profundas nas mentes das pessoas. É uma longevidade viabilizada pela combinação de um Estado repressor com um genuíno apoio da população. Por isso, eu não tenho como prever se o socialismo em Cuba vai ruir após a morte de Fidel Castro”.
“Acho que a hostilidade americana tem feito muito pelo espírito cubano. Há uma afinidade cultural entre os dois países, já que os cubanos adoram o beisebol e os filmes norte-americanos, mas ao mesmo tempo eles possuem um orgulho nacional, que resulta da tentativa mal-sucedida dos EUA de derrubar Fidel – invasão da Baía dos Porcos - e dos boicotes econômicos”.
A solução da Escandinávia
“A única forma viável de socialismo que eu enxergo é a social-democrata, que nós temos na Escandinávia e funciona muito bem. Há pouca desigualdade econômica, serviços públicos de qualidade e a cooperação – ao invés do conflito – entre classes.”
“É difícil dizer se a solução escandinava poderia funcionar em países como os EUA e o Brasil. É possível que a social-democracia só funcione em países pequenos, homogênios, sem tensões raciais. O socialismo pressupõe solidariedade e, talvez, para que ela exista, o país não possa ser muito grande”. (Luiza Piffero)
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Para Jon Elster, o populismo de Chávez e Evo Morales não veio para ficar

“Certamente o Chávez não precisaria ter falado do Senado, porque, quando ele tomou um golpe, o Senado foi contra o golpe. Mas às vezes as pessoas esquecem”.
Presidente Luís Inácio Lula da Silva, ainda sobre as hostilidades do presidente da Venezuela contra o Senado brasileiro.
http://www.amanha.com.br/ - Newsletter diária n.º 974 - 13/06/2007

1 comment:

Efraim said...

Devo ser cego.
Não vejo glória nenhuma na Revolução Cubana. Tudo o que Fidel, Che et caterva fizeram foi transformar um dos países mais ricos da América Latina na década de 50 em uma ilha isolada, paupérrima e num estandarte da violência revolucionária.

A tentativa de invasão pela Baía dos Porcos foi um fiasco. Sim, um fiasco que se deve, única e exclusivamente, à política externa dos Camelot.

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