interceptor

Novas mensagens, análises etc. irão se concentrar a partir de agora em interceptor.
O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Thursday, June 14, 2007

O ambientalista cético



Este livro certamente é um dos mais polêmicos a serem lançados no últimos anos. Em meio a toda a mobilização da sociedade moderna em defesa do meio-ambiente, Lomborg (um estatístico) defende uma tese chocante: alguns problemas localizados existem, mas o nosso meio-ambiente nunca esteve tão bem e as previsões catastróficas que ouvimos todos os dias não têm nenhuma comprovação científica. Obviamente, inúmeros comentários, pró e (principalmente) contra seu autor e suas idéias, foram publicados em todos os meios de comunicação e o debate sobre suas polêmicas alegações certamente vai continuar por muito tempo. Dito isto, é claro que não é possível abordar ou avaliar em detalhes o conteúdo do livro no pequeno espaço que dispomos aqui. Mas, resumindo em uma palavra nossa opinião sobre o livro: LEIA!! Se você é um ambientalista convicto ou um cético total - leia este livro.
Talvez mais importante que os argumentos específicos apresentados por Lomborg é a discussão que ele estimula. Por todos os lados estamos sujeitos a uma enxurrada de exemplos de como estamos destruindo nosso futuro por causa de nossa ambição materialista descontrolada. E o outro lado da história? Bem, aqui está. E, ainda que em alguns momentos Lomborg pareça um otimista inveterado, seus argumentos são em geral bastante convincentes. Saúde pública, fome, explosão populacional, desmatamento de florestas, poluição, energia, água doce, chuva ácida, exposição a substâncias químicas, biodiversidade, aquecimento global, tudo isto é abordado neste livro e as conclusões são, em sua maioria, surpreendentes em comparação com o que estamos acostumados a ouvir. E, muito importante, suas conclusões não são baseadas em fontes duvidosas de informação. A maioria dos dados que Lomborg apresenta são retirados de publicações de instituições internacionais de renome, como a ONU e suas diversas subsidiárias, e muitas vezes de artigos ou relatórios citados pelas próprias ONGs ambientalistas como evidências de nosso futuro infeliz.
De qualquer forma, uma coisa fica clara: a questão ambiental não consiste meramente na luta de um grupo de heróis visionários, contra capitalistas inescrupulosos, em defesa do futuro da humanidade. Interesses pessoais existem em ambos os lados, bem como esforços bem intencionados, mas apenas um dos lados tem o apoio maciço da mídia e, por tabela, da opinião pública em geral. Um exemplo disso foi a transformação do Brasil em vilão, principalmente na década de 80, por sua destruição do suposto "pulmão do mundo". A idéia de que a Amazônia é a principal fonte de oxigênio do planeta é tão sem fundamento que não é levada a sério por nenhum profissional da área (aliás, mal é mencionada neste livro), mas foi divulgada com uma insistência que convenceu praticamente toda a opinião pública mundial. Por isso, antes de se escandalizar com a última reportagem sobre como as guerras do futuro serão por água doce, dê uma olhada no que este livro tem a dizer.
Publicado em português com o título "O ambientalista cético", pela Editora Campus.

No comments:

Post a Comment