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Novas mensagens, análises etc. irão se concentrar a partir de agora em interceptor.
O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Tuesday, November 29, 2005

"Bravo Novo Mundo"

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Há quantas anda nosso mundo? Apesar da chamada Globalização, vejamos alguns aspectos pitorescos dos "expropriados" do Terceiro Mundo...
Alguém aí, em sã consciência, gostaria de se aproximar (física e culturalmente) destas culturas?!
EU NÃO!
a.h
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26/11/2005
Três milhões sofrem mutilação genital a cada ano
Sandro Pozzi
Em Nova York
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) publicou nesta sexta-feira (25/11) um relatório que revela que três milhões de meninas são submetidas a cada ano à mutilação genital, ou ablação. A maioria dos casos ocorre na África subsaariana e no Oriente Médio.
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A ONU insiste que é possível acabar com esse "ritual" por meio de uma discussão pública aberta e da adoção de medidas legais contra os que realizam essa prática. A Unicef calcula que o número total de mulheres afetadas pela mutilação genital é 130 milhões.
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A ablação é considerada um velho ritual que as famílias realizam na privacidade, por acreditar que permite realçar a beleza, a honra, a posição social e as possibilidades de casamento das mulheres. Mas a mutilação genital tem graves conseqüências para as jovens que a sofrem, devido às infecções, às hemorragias e à dor, que podem acabar com suas vidas ou deixá-las estéreis. O relatório da Unicef identifica 28 países nos quais se realiza a ablação. Até agora as estatísticas falavam em 2 milhões de mutilações genitais praticadas por ano em meninas. O último estudo fala em 3 milhões, segundo a Unicef graças a uma melhor compilação dos dados. Apesar desse aumento estatístico, porém, o relatório indica que há países onde se começa a observar uma redução dessa prática, como Benim, Burquina Fasso, Eritréia, Etiópia, Quênia, Nigéria, Tanzânia ou Iêmen.
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Marta Santos Pais, diretora do centro de pesquisas Innocenti da Unicef, salienta em todo caso que, para a ablação ser eliminada em grande escala, há necessidade de um maior esforço dos governos, da sociedade civil e da comunidade internacional. No Egito, por exemplo, já estão sendo tomadas medidas no sentido de estimular o debate público. A ONU insiste que o envolvimento dos líderes religiosos e a formação de trabalhadores sociais, curandeiros e professores são chaves.
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"Uma mudança real e duradoura é possível, e chegará quando as comunidades --meninas, meninos, homens e mulheres-- tiverem conhecimento suficiente para tomar decisões que serão boas para a saúde da mulher", acrescenta Santos Pais, referindo-se aos danos permanentes que a ablação provoca nas meninas e mulheres, que costumam sofrer "em silêncio". "Como é uma prática de natureza privada, é impossível estimar o índice de mortalidade", afirma. De sua parte, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, aproveitou a comemoração do Dia Mundial para a Eliminação da Violência contra a Mulher e fez um apelo aos países para que adotem as medidas legais necessárias contra os abusos impostos à mulher, que considera uma praga social.
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"É a mais atroz das manifestações de discriminação que a mulher sofre sistematicamente em todo o mundo, na lei e em suas vidas diárias, independentemente do país, da cultura, da renda, classe social, raça ou etnia", acrescentou Annan.
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O Fundo para o Desenvolvimento da Mulher (Unifem) acrescenta que a violência contra a mulher é causa e conseqüência do aumento da propagação da Aids, através das violações e agressões sexuais. "A violência contra a mulher é a violação dos direitos humanos mais difundida no mundo", acrescenta Noeleen Heyzer, diretora do Unifem.
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A ONU estima que uma em cada quatro mulheres no mundo sofrerá algum tipo de abuso em sua vida, na forma de violações, surras, ameaças e outros atos que podem condicionar sua vida ou ter conseqüências fatais.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Visite o site do El País
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25/11/2005
Infanticídio feminino faz número de homens superar o de mulheres em 50 milhões na Índia
Swami Agnivesh, Rama Mani,e Angelika Koster-Lossack*
Nos últimos anos, o mundo ficou chocado com a supressão brutal das mulheres no Afeganistão, a prática de mutilação genital feminina em partes da África e o abuso do serviço doméstico feminino em lugares como Arábia Saudita. No entanto, a maior democracia do mundo é a vencedora não declarada do concurso de violência contra a mulher.
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Na Índia, o feticídio feminino, ou o aborto seletivo de meninas, gerou um alarmante desequilíbrio entre os sexos na população do país. Em 1990, o censo concluiu que a Índia tinha 25 milhões de homens a mais do que mulheres. O governo reagiu adotando uma lei que proibia a determinação do sexo do feto pelo exame de ultra-som. Mesmo assim, em 2001, a diferença no número de homens e mulheres tinha aumentado para 35 milhões e agora especialistas estimam que chegue a 50 milhões.
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A prática de infanticídio feminino tem uma longa história na Índia. Por causa das amplas preferências culturais por meninos, muitas meninas eram mortas logo após o nascimento. Mas a tecnologia moderna, particularmente a máquina de ultra-som, tornou mais fácil para os pais e altamente rentável para os médicos praticar abortos femininos, sem grande risco de detecção ou ação legal punitiva.
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Acreditava-se que o feticídio feminino prevalecia entre hindus, por causa de seu costume de exigir que filhos homens façam os ritos de cremação. No entanto, hoje a prática é igualmente comum entre sikhs, muçulmanos e cristãos.
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Da mesma forma, acreditava-se que a prática prevalecia entre pobres e analfabetos, por causa das duras exigências de dotes das noivas, assim como outros preconceitos tradicionais. Entretanto, recentes estudos indianos e da ONU revelam que o feticídio feminino hoje é mais freqüente entre os ricos com alta escolaridade.
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Um estudo detectou uma relação da freqüência do aborto feminino proporcional ao nível de escolaridade --menor entre mulheres com quinta série do ensino fundamental e maior entre mulheres com diplomas universitários.
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As conseqüências do feticídio feminino e o resultante desequilíbrio entre os sexos já estão se desdobrando: há um tráfico de meninas de países vizinhos empobrecidos, como Bangladesh e Nepal, ou de áreas tribais ou mais pobres na Índia e vendidas em casamento pelo equivalente a US$ 200 (em torno de R$ 440 --no Estado de Haryana, um touro custa aproximadamente R$ 2.200).
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Com 50 milhões de meninas desaparecidas, o resultado dessa perigosa prática é inelutável: mesmo sendo a segunda nação mais populosa do mundo, sem mulheres, estará destinada à eventual extinção.
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No início deste ano, o ministro da saúde Anbumani Ramadoss expressou desespero com a incapacidade do governo de reverter essa situação calamitosa, apesar de a legislação e de outras políticas. Depois disso, líderes religiosos de todas as fés reuniram-se um "Yatra de Compaixão de Todas as Crenças", uma espécie de marcha de protesto ao feticídio feminino. A manifestação foi organizada pelo Arya Samaj, movimento social-religioso reformista fundado em 1875, com o apoio dos governos estaduais e federal, além da Unicef e Unifem.
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No início do mês, os participantes da Yatra atravessaram os Estados mais afetados do Norte da Índia em um comboio motorizado, gerando uma onda crescente de consciência e ação entre líderes religiosos e políticos, ativistas, grupos de mulheres, estudantes e professores. Enquanto marchávamos, gritávamos aos milhares: "Filhos e filhas são iguais! Salve suas filhas para salvar nosso país!"
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Nossa posição é categórica: terminar com o feticídio feminino não é suficiente. Todas as formas de injustiça sexual devem ser extintas. O tratamento das mulheres como cidadãs de segunda classe é profundamente arraigado na mente indiana, seja hindu, muçulmana, sikh, cristã, jainista ou zoroastriano.
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Apesar de o dote ser ilegal, as exigências ainda são exorbitantes e resultam em cerca de 25.000 mortes por ano, pelas mãos de noivos e sogros avarentos. Viúvas recebem tratamento execrável, mesmo sendo menores, e não têm o direito de se casarem novamente. Meninas, mesmo quando têm permissão de freqüentar a escola, são sobrecarregadas com tarefas domésticas, elevando as taxas de desistência dos estudos. Em todas as religiões, o nascimento de um filho é celebrado, enquanto nascimento de uma filha é lastimado.
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Até que filhos e filhas sejam tratados igualmente, até que a vida seja segura para a mulher indiana, o país continua moralmente sitiado. Nossa marcha exige não só um fim ao feticídio feminino, mas a todas as formas de violência contra a mulher. Exige respeito aos direitos da mulher e dignidade do nascimento à morte.
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*Swami Agnivesh, ex-ministro da educação do Estado de Haryana, é presidente do Arya Samaj.
Rama Mani é diretora de cursos do Centro de Política de Segurança Genebra.
Angelika Roster-Lossack é ex-parlamentar alemã do Partido Verde.
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ONU - Conselho de Segurança das Nações Unidas
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