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a.h

Saturday, December 17, 2005

Sobre racismo

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Racismo antimuçulmano?

por Daniel Pipes em 16 de dezembro de 2005
Resumo: O termo racismo refere-se apenas a questões raciais, e não a opiniões sobre imigração, cultura, religião, ideologia, manutenção da ordem ou estratégia militar.
© 2005 MidiaSemMascara.org

Minhas conferências em universidades americanas às vezes geram protestos de grupos de esquerda e de islamistas que me cobrem de insultos. Um de seus favoritos é “racista”. Neste ano, por exemplo, uma "Manifestação contra o racismo" precedeu minha palestra no Rochester Institute of Technology, fui acusado de racismo contra imigrantes muçulmanos no Dartmouth College, e panfletos distribuídos na Universidade de Toronto imputaram-me “racismo antimuçulmano”.

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Racismo antimuçulmano? O oximoro me confunde. Pois se o Islã é uma religião com fiéis de todas as raças e cores, onde entra a questão racial nisso tudo? Os dicionários são unânimes em ligar ‘racismo’ a raça, e não a religião:

- American Heritage: “A crença em que as raças explicam as diferenças de caráter ou de capacidade no ser humano e que uma determinada raça é superior às demais. Discriminação ou preconceito de base racial.”


- Merriam-Webster: “Crença em que a raça é o principal determinante dos traços e aptidões humanas e que diferenças raciais produzem uma superioridade inerente a uma raça em particular.”


- Oxford: “A crença em que existem características, aptidões ou qualidades específicas a cada raça. Discriminação contra ou antagonismo a outras raças.”


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Até a famigerada conferência de Durban contra o racismo, realizada pelas Nações Unidas em 2001, deixou implícita a mesma definição ao rejeitar “qualquer doutrina de superioridade racial e outras teorias que procuram reconhecer a existência de raças humanas supostamente distintas”.

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Assim entendido, o termo racista não pode ser aplicado a mim, pois eu não creio que a raça defina aptidões nem que certas raças sejam mais capazes do que outras. E meus textos e palestras nunca abordam questões raciais.

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Deve-se concluir que racista é meramente um termo pejorativo do qual a esquerda e os islamistas se servem a toda hora, um impropério mágico que desqualifica sem prestar contas à verdade? Não, a evolução dessa palavra é mais complexa do que isso.

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Atualmente racismo é empregado cada vez mais em um sentido que ultrapassa a sua definição nos dicionários. O diretor do prestigioso Institute of Race Relations (IRR) de Londres, A. Sivanandan, tem promovido o conceito de um “novo racismo”, agora relativo a imigração, e não a raça.

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É um racismo que não se volta somente contra as pessoas de pele mais escura, originárias dos antigos territórios coloniais, mas às novas categorias de exilados, de despossuídos e expatriados que vêm bater às portas da Europa Ocidental, a Europa que concorreu para o seu desterro em primeiro lugar. É um racismo, melhor dizendo, que não se exprime por cores, dirigido como é também aos brancos pobres, e por isso se disfarça de xenofobia, um medo “natural” aos estrangeiros.

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Um relatório oficial da Austrália vai em outra direção, a do “racismo cultural”:


Na era moderna, a presunção subjacente a “racismo” é a crença em que as diferenças de cultura, de valores, e/ou de práticas de alguns grupos étnicos/religiosos são “demasiadas” e podem ameaçar os “valores da comunidade” e a coesão social.

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Uma vez desvinculado o racismo de características raciais, aplicá-lo aos muçulmanos é um passo de nada. É assim que Liz Fekete, do IRR, detecta “racismo antimuçulmano” na legislação, nas medidas de segurança e nas ações contraterroristas derivadas da “guerra contra o terror” (as aspas são da autora). Ela também vê a proibição do hijab nas escolas públicas francesas, por exemplo, como um caso de “racismo antimuçulmano”. Outros membros do IRR alegam que “os muçulmanos e os que se parecem com os muçulmanos são o alvo principal de um novo racismo”.

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O mesmo fez o reverendo da Igreja Batista Abissínia de Nova York, Calvin Butts III, que recentemente assim opinou em uma conferência das Nações Unidas sobre islamofobia: “Quer gostem ou não, os muçulmanos são rotulados como pessoas de cor nos racistas Estados Unidos (...) ninguém vai chamá-lo de n-----, mas o chamarão de terrorista”. Para o reverendo Butts, o contraterrorismo equivale ao racismo. [Com este sofisma, qualquer ação efetiva contra o terrorismo fica então, moralmente condenada.]

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Quando o deputado Tom Tancredo, um republicano do Colorado, lançou a idéia de bombardear os santuários islâmicos como forma de dissuasão, um líder do Nação do Islã em Denver, Gerald Muhammad, considerou racistas os seus comentários.

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Notem bem a evolução: enquanto a crença nas diferenças entre as raças e na superioridade racial diminui na boa sociedade, alguns expandem o significado de racismo para condenar decisões de ordem política como se preocupar com a imigração excessiva (mesmo com a de brancos pobres), preferir a própria cultura, temer o Islã radical e implementar medidas contraterroristas efetivas.

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Essa tentativa de deslegitimar as diferenças políticas deve ser rechaçada. O termo racismo refere-se apenas a questões raciais, e não a opiniões sobre imigração, cultura, religião, ideologia, manutenção da ordem ou estratégia militar.

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Publicado por New York Sun. Também disponível em danielpipes.org
Tradução: Márcia Leal.

Daniel Pipes é um dos maiores especialistas em Oriente Médio, Islã e terrorismo islamista da atualidade. Historiador (Harvard), arabista, ex-professor (universidades de Chicago e Harvard; U.S. Naval War College), Pipes mantém seu próprio
site e dirige o Middle East Forum, que concebeu junto com Al Wood e Amy Shargel — enquanto conversavam à mesa da cozinha de sua casa, na Filadélfia — e que hoje, dez anos mais tarde, tem escritórios em Boston, Cleveland e Nova York. Depois do MEF, vieram o Middle East Quartely, o Middle East Intelligence Bulletin e o Campus Watch, dos quais ele participa ativamente. Juntos, esses websites recebem mais de 300 mil visitantes por mês. Por fazer a distinção sistemática entre muçulmanos não-islamistas e extremistas islâmicos, Daniel Pipes tem sido alvo de ataques contundentes. A polêmica gerada por sua nomeação, em 2003, para o Institute of Peace pelo presidente George Bush apenas confirmou o quanto as idéias de Pipes incomodam as organizações islamistas e outros interessados em misturar muçulmanos e terrorismo. Daniel Pipes é autor de 12 livros, entre eles, Militant Islam Reaches America, Conspiracy, The Hidden Hand e Miniatures, coletânea lançada em 2003.

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