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a.h

Tuesday, November 01, 2005

I.I.R.S.A. - 1

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Integração sul-americana sob ataque cerrado

Rio, 8/ago/05 - Como se não bastasse a ofensiva diplomática do Governo dos EUA, manifestada na visita do secretário do Tesouro John Snow e secundada pelo apoio interno dos setores brasileiros tradicionalmente inclinados a seguir as diretrizes anglo-americanas, a Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul-americana (IIRSA) também está sob ataque da esquerda radical. Recentemente, representantes desse setor reviveram as velhas teses sobre um suposto "imperialismo brasileiro", como um instrumento para fomentar uma dissidência entre as nações do Cone Sul, em especial a Argentina e o Brasil.

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Uma manifestação dessa investida foi a entrevista do jornalista argentino Horácio Verbitsky à Folha de S. Paulo de 24 de julho, no qual atacou duramente o ex-presidente Eduardo Duhalde, atual presidente do Conselho de Representantes Permanentes do Mercosul e um dos pilares da aproximação argentino-brasileira e do próprio processo de integração regional. [1] Com o enfraquecimento do estratégico eixo Brasil-Argentina, no contexto dos descaminhos e da crescente debilidade do Governo Lula, uma conseqüência poderá ser uma maior aproximação entre Buenos Aires e Caracas, o que constituiria uma paródia de integração devido às personalidades instáveis dos presidentes Nestor Kirchner e Hugo Chávez. Um exemplo didático disso se mostra com o início das operações da rede de televisão Telesur, uma iniciativa de Chávez, que aportou 51% dos 10 milhões de dólares do capital da empresa, com o apoio da Argentina (20%), Cuba (19%) e Uruguai (10%). Ocorre que em uma de suas primeiras transmissões a rede levou ao ar uma entrevista com a "figura legendária" de Manuel Marulanda, líder do grupo narcoterrorista Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), provocando a reação imediata do governo colombiano, que bloqueou os sinais da emissora.

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Outro exemplo é o artigo "Imperialismo brasileiro", divulgado pelo jornalista Carlos Tautz no sítio do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), um reduto de círculos da Teologia da Libertação e que desempenhou um papel-chave na formação do aparato ambientalista no País. No texto, diz ele, "o que chamam imperialismo brasileiro se verifica fortemente na implantação da Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Sul-americana (IIRSA), que planeja normalizar as leis dos países envolvidos para facilitar a circulação, principalmente, de bens primários e construir mais de 300 estradas, pontes, hidrelétricas, gasodutos e outras obras, com um custo de 50 bilhões de dólares ao longo de uma década". Tautz ataca por nome a Construtora Odebrecht, Furnas, Petrobras e o BNDES por terem demonstrado “voracidade por financiar, construir e explorar megaprojetos em países sul-americanos, ocupando espaços de grande ocorrência de recursos naturais, em sistemas ecológicos sensíveis, e com evidente importância geopolítica”. O Complexo do Rio Madeira, formado por hidrovias e hidrelétricas na fronteira do Brasil com a Bolívia, é classificado por Tautz como “estranhíssimo” e que a Petrobras “anda fazendo das suas” no Parque Yasunín, no Equador, acusada por agentes do indigenismo internacional - e reverberado de forma grosseira pelo articulista -, de “aplicar padrões ambientais mais permissivos do que os nossos, aproveitando da volúpia do governo local por receber o capital brasileiro”. [2] Como este Alerta afirmou na edição anterior, as cartas estão na mesa e o futuro da IIRSA deverá ser um dos fatores determinantes para o futuro da região nas próximas décadas. A alternativa é consolidar a América do Sul como uma entidade política não subordinada aos centros globais de poder e seus peões da "esquerda revolucionária", ou conformar-se por mais um longo período com a condição de caudatária do processo civilizatório. [050808b]

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[1] “Argentina: crescimento e turbulências”, Resenha Estratégica, 27/07/05

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[2]“Imperialismo brasileiro”, IBASE, 29/07/05

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http://www.alerta.inf.br/08_2005/050808b.htm
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