O NOVO MAPA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Em meio a uma das mais graves recessões do setor da construção civil brasileira, entre 2004 e 2005, com queda de cerca de 8%, destacou-se a região Norte, com mais dinamismo que o resto do país, revela a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic), do IBGE.

Enquanto São Paulo e Rio de Janeiro, principalmente, marcavam passo, a industrialização alavancava obras e contratação de pessoal especialmente no Amazonas e Pará. No Tocantins, as obras de urbanização são causa de crescimento, destaca a pesquisa.

Segundo a Paic, as mais de 105 mil empresas do setor da construção geraram quase 1,6 milhões de empregos, em 2005, com gastos salariais superiores a R$ 15,5 bi, o que corresponde a um salário médio mensal de 2,7 salários mínimos. A indústria da construção realizou obras e serviços no valor de R$ 100 bi, dos quais R$ 41,7 bi em obras públicas.

A construção, explica a Paic, refletiu a baixa no ritmo de crescimento do PIB, de 5,7% em 2004 para 2,9% em 2005, ainda mais acentuada no caso dos investimentos (de 9,1% para 3,6% no mesmo intervalo) e, comenta o IBGE, os juros altos afetaram negativamente as decisões de investimento por parte das empresas e famílias, o que, por sua vez, impactou significativamente o setor da construção.

De um ano para outro, em termos reais, caiu 6,3% o valor das obras residenciais, cujo número também baixou quase 4%, embora o governo federal tenha emitido, a partir de 2004, medidas de estímulo ao setor, como o regime especial tributário do patrimônio de afetação e liberado maior volume de recursos da caderneta de poupança direcionados ao Sistema Financeiro da Habitação. A casa própria ainda é o produto de maior peso na construção.

Conforme estatísticas do SFH, em 2005 foram concedidos, com recursos da caderneta de poupança, R$ 4,9 bi para financiamento de 64.977 moradias, com 58% do total destinado a financiamentos para construção de imóveis e 42% para aquisição de unidades já construídas.

O valor das obras de infra-estrutura caiu 1,0%, entre 2004 e 2005, diz o IBGE por conta principalmente de retração nas obras de usinas, estações e subestações hidroelétricas, termelétricas e nucleares (-26,2%), barragens e represas para geração de energia elétrica (-23,2%), dutos (-17,2%) e redes de instalações de torres de telecomunicações (-12,3%).

Mas cresceu o ritmo das edificações comerciais, efeito direto de mais implantações de shoppings centers (24%) nas médias e grandes cidades brasileiras, além galpões e edifícios industriais (2,3%), plantas industriais (3,0%) e instalações desportivas (22,3%).

Também aumentaram as obras em vias férreas e metropolitanas (50,7%), em pontes, elevados e túneis (25,0%), em rodovias (3,9%) e em ruas, calçadas, praças ou estacionamentos (6,8%).

O grupo outras obras foi o que teve crescimento mais expressivo: 16,4%. Estão neste grupo as obras de instalações elétricas e de telecomunicações (20,7%), trabalhos prévios da construção (12,6%) e os gastos com aluguel de equipamentos de construção e demolição com operador (71,6%). As principais retrações nesse grupo foram observadas em montagens de estruturas metálicas (-16,2%), instalações de sistemas de ar condicionado, de ventilação, refrigeração e aquecimento (-10,1%) e instalações hidráulicas, sanitárias e de gás (-6,9%).

O avanço de obras na região Norte não é de agora, diz o IBGE: de 1996 a 2005, foi essa região a que mais ampliou sua participação no setor, ocupando vazios deixados pelo Sudeste (de 65,7% para 55,2% nesse intervalo), refletindo continuidade do processo de descentralização da economia brasileira como um todo.

NORTE E NORDESTE À FRENTE

Segundo o Instituto, o direcionamento das atividades para regiões de estruturas econômicas menos complexas está relacionado a fatores como expansão da fronteira agrícola; políticas de incentivos fiscais e construções de obras residenciais em áreas agrícolas. São Paulo perdeu participação no total construído de 39,7% para 30,4% e reduziu o pessoal empregado em 6,3 pontos percentuais. No mesmo período, o Rio perdeu espaço de 14,5% para 10,6% e baixou seu pessoal em 4 pontos. Mesmo assim, continua no Sudeste mais da metade das construções (55,2%) e do emprego do setor (53,6%).

O segundo maior crescimento, nesses dez anos, foi registrado no Nordeste (+3 pontos percentuais nas obras e no pessoal), com destaque para a Bahia (+3,5 pontos percentuais no emprego e +2,6 pontos percentuais no valor das construções), onde há políticas de incentivos à instalação de empresas de grande porte.

No Centro-Oeste, as obras cresceram 2,4 pontos e a contratação de mão-de-obra, 1,5 ponto percentual. Destaques: obras no Distrito Federal (+1,8 ponto percentual) e contratação de pessoal no Mato Grosso (+1,0 ponto percentual).

No Sul, crescimento de 0,9 ponto percentual nas obras e no pessoal, especialmente no Rio Grande do Sul (+1,5 ponto nas obras e +1,0 no pessoal).

(25/05/2007)